Saturday 18 July 2009

A Amizade segundo Vinícius de Moraes

Estamos perto do dito Dia do Amigo.
Enfim, meus amigos são meu maior patrimônio. E são muitos! Mal consigo dar conta de todos e os amo igualmente. Esse texto explica muita coisa nesse sentido:

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eia que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Ate mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E as vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao me equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer.

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os...

Algumas considerações práticas sobre o Amor

Ningém ama outra pessoa pelas qualidade que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado em fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ningém ama a outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem ou é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando se menos espera.

Você ama aquela petulante. Você escreve dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de Rock e ela de Chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita, adora animação e escreve poemas. Por que você ama esse cara? Não pergunte pra mim, você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmão Coen, do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettuchine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, nunca pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um curriculo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa! Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo o que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem as pencas, bons motoristas e bons pais de familia, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso...

(Texto encontrado no fundo de uma das minhas gavetas. Bem que eu poderia ter sido seu autor... Alías se alguém souber quem escreveu, me diga)