Saturday 18 July 2009

Algumas considerações práticas sobre o Amor

Ningém ama outra pessoa pelas qualidade que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado em fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ningém ama a outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem ou é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando se menos espera.

Você ama aquela petulante. Você escreve dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de Rock e ela de Chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita, adora animação e escreve poemas. Por que você ama esse cara? Não pergunte pra mim, você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmão Coen, do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettuchine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, nunca pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um curriculo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa! Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo o que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem as pencas, bons motoristas e bons pais de familia, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso...

(Texto encontrado no fundo de uma das minhas gavetas. Bem que eu poderia ter sido seu autor... Alías se alguém souber quem escreveu, me diga)

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